Curada da Covid-19, professora londrinense relata experiência: “difícil e dolorosa”
Redação Paiquerê
Desde que os primeiros casos de coronavírus foram confirmados em Londrina, onze pessoas já se curaram da doença, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Uma delas é a professora Eliene Scaglioni, de 39 anos, que foi uma das primeiras moradoras da cidade a ter o diagnóstico da doença. Durante o confinamento, de acordo com ela, foram dias com um misto de alívio, vitória, insegurança e medo de morrer.
Em princípio, Eliene explicou que os sintomas eram semelhantes a um quadro de dengue, mas logo depois as dores no corpo foram associadas à tosse e inflamação na garganta. A descoberta da doença veio quase uma semana depois do início dos sintomas.
“Só foi descartada a dengue quando comecei com tosse e dor de garganta. Tinha dores no corpo, febre, sintomas parecidos com o da dengue. Depois que tive o resultado positivo ‘perdi o chão’, não tinha estrutura. Tudo muito novo, vírus que está matando. Sentia muito mal estar e dor no corpo do fio do cabelo até unha do pé. Não tinha posição (que aliviasse)”.
Mãe de quatro filhos, a docente ficou em isolamento dentro de um quarto onde vive com a família. O cômodo dispõe de banheiro e foram 14 dias sem ter contato com os filhos e marido.
“Tenho gêmeas de um ano e dois meses e elas batiam na porta me chamando. Essa parte do isolamento, de ficar sozinha, foi muito difícil. Parei de assistir jornal, sai de vários grupos de WhatsApp com notícias negativas. É uma doença difícil, dolorosa, porém, eu venci, só que para isso tem que se cuidar e ficar em isolamento”.
Eliene relatou que viveu com o medo durante toda o período de isolamento. No final da quarentena, decidiu compartilhar a experiência por meio de um blog. “Durante todos os dias que fiquei em isolamento tive medo. Só não senti tanto um dia antes de receber alta, porque já estava me sentido bem, fazendo aquilo que gosto, que é escrever, levantar da cama, organizar meu guarda-roupas e tudo dentro do quarto, mas o medo era uma constante”, contou.
O tratamento do coronavírus foi com remédios para dor, muita hidratação e alimentação correta. A professora não teve falta de ar. Já de volta ao convívio da família, Eliene afirmou que a sensação é de vitória, entretanto, disse que ainda se sente insegura de sair de casa.
“As pessoas só vão entender a gravidade da Covid-19 quando alguém que elas amam passar pelo processo. As pessoa não estão entendendo a gravidade da doença. Não tenho inimigo, mas se tivesse não desejaria que ele passasse o que eu passei”.
O blog que a docente criou pode ser acessado clicando aqui.