Políticos abusam do ‘estilo’ e da falta de ações
Edson Ferreira
Perspectivas
É ano eleitoral, cuidado com os discursos! Em oratória, chamamos de Estilo a habilidade de “ornamentar” o discurso, de falar aquilo que o público está esperando para ouvir naquele momento. A estratégia geralmente é incluir o Estilo no meio da fala, seguindo uma lógica mais ou menos pré-determinada, logo depois da apresentação do assunto a ser tratado e do ordenamento das ideias e tópicos que serão apresentados. Pelo menos, essa é uma forma clássica de conquistar adesão ao discurso, conforme já escreveram mestres da oratória. Aliás, não há problema em emoldurar a fala com recursos de linguagem, que garantam boa comunicação com os ouvintes. O problema ocorre quando a falsidade acompanha o Estilo.
O tema veio rapidamente à memória depois de acompanhar o noticiário a respeito da intervenção (que dizem não é militar, é federal) no Rio de Janeiro. Desde Brizola, passando por Moreira Franco, Garotinho e Rosinha, Cabral e Pezão, a segurança esteve presente nos discursos e nas entrevistas dos governadores do Rio de Janeiro, pois sempre foi a principal demanda da comunidade.
O tema segurança, me parece, sempre conferiu o Estilo à verborreia do palácio e foi usado para angariar o apoio da plebe, enquanto crime organizado e política negociavam na sala ao lado. Entretanto, a coisa só vem piorando. A presença do Exército não basta. Desde sempre, sabemos que segurança pública deve ser um conjunto de ações, envolvendo setores como Educação, Cultura e Trabalho (maiúsculas mesmo), setores também inoperantes no RJ. Estamos em ano de eleições gerais de novo, portanto, você ouvirá e verá muitos discursos cheios de Estilo e vazios de ações, dedicados apenas a agradar assembleias exauridas dante de tanto sofrimento neste País.